O Tao do Ocidente - 6
O Tao é Cósmico

O termo 'cósmico' está muito desgastado. Há uma tendência quase natural, de se considerar cósmico o mesmo que universal. De fato, até em bons dicionários encontramos tal definição, o que não quer dizer que eles sejam infalíveis. E não são. Cosmos é um Universo organizado, ao contrário do Caos, que é um Universo desorganizado. Isto significa o seguinte: num Universo organizado, cósmico, todos os planetas, cometas, estrelas, estão dispostos segundo determinadas Leis naturais. Um não invade o espaço do outro, caso contrário, teríamos uma enorme catástrofe. Explosões, fogo, um verdadeiro inferno...
No Caos, reina a confusão. Ninguém obedece a nada. Cada qual tem sua própria Lei. Todos têm plena liberdade, e fazem uso dela indiscriminadamente. Desta liberalidade, resulta uma enorme balbúrdia. Imagine uma sociedade onde cada qual fizesse o que lhe viesse à cabeça, não importando seu vizinho. Tudo viraria um Caos. Neste sentido, a palavra é muito bem empregada, como sinônimo de grande ou total confusão. Um Universo caótico é isto mas em enormes proporções. Na verdade, o Caos é apenas uma idéia, porque realmente ele não existe. Para existir, seria necessário que ele tivesse alguma lógica, e nesse caso, deixaria de ser Caos e seria um Cosmos.
Guarde bem isto: todas as coisas devem ter um mínimo de organização para poder existir, ou inversamente, tudo o que existe é organizado. O nosso Universo é cósmico, simplesmente porque ele existe. E por mais confuso que você o possa julgar, ele continua sendo cósmico. Mesmo que a paz não reine absoluta em nossos mundos, ele está aí para quem quiser ver. Nosso Universo tem lá seus pecados, o que não o impede de continuar existindo. E isto vem acontecendo há bilhões e bilhões de anos.
Imagine um pacote comum de arroz. Os grãos apresentam-se mais ou menos enfileirados, como se obedecessem a uma seqüência. Agora, corte o pacote e deixe o arroz fazer o que ele bem entenda. O chão ficará cheio de grãos por todos os cantos: um verdadeiro Caos. Organizar este Caos, vai dar um enorme trabalho. Se a quantidade for muita, digamos, um verdadeiro celeiro, você gastaria a vida toda para repô-lo em seu lugar. Se fosse mais ainda, uma quantidade tão grande como o Universo, ninguém iria conseguir dar conta da tarefa. Teria que ser algum tipo de super-homem ou deus.
Organizar todo o Universo e mantê-lo funcionando harmonicamente, é tarefa do Tao. Cada vez que alguma coisa sai do lugar, instantaneamente o Tao providencia algo para tomar o espaço que ficou vago. Às vezes pode demorar algum tempo para um gás preencher o vazio deixado por uma estrela que explodiu. A providência no entanto foi tomada no ato da explosão. Esta é a razão porque todas as coisas estão sempre mudando. Se você fotografar o Universo, uma fração de segundo depois ele já não será mais o mesmo.
Há sempre algo ocorrendo e que provoca um desequilíbrio, seguido de uma ação do Tao, que faz tudo voltar ao normal, por assim dizer. Até em nossas menores ações, existe o inevitável fato da quebra do equilíbrio existente e do conseqüente reequilíbrio, provido pelo Tao. Imagine o Universo como se fosse feito de espuma de sabão. Nunca será o mesmo de agora, nem de ontem, nem amanhã, nem nunca.
O Tao é Harmônico
Harmonia é o mesmo que entrosamento das partes, sensação de bem estar. Lembra sempre coisas boas e agradáveis - sons harmônicos, viver em harmonia. Há um falso parentesco entre cósmico e harmônico, já que tudo que é harmônico é cósmico, mas o contrário não é verdadeiro. Pôr exemplo - o Universo como um todo, é cósmico, isto é, organizado; mas não é necessariamente harmônico. Algumas partes são, outras não. Uma parte compensa o desequilíbrio da outra.
Para que fique mais claro o que queremos dizer, imagine uma platéia de teatro. Há uma Ordem cósmica imposta pela disposição das poltronas. Se além disso, todos estivessem gostando da peça, coexistiriam o cósmico e o harmônico. Em nosso texto, cósmico e harmônico andarão sempre juntos.
Quando dizemos que o Tao é harmônico, estamos afirmando que ele é perfeito em si. Diz-se com freqüência, que ninguém pode dar o que não tem. Como é possível dar amor aquele que não tem um mínimo de auto-estima? Pense bem como isto faz sentido.
Um simples comprimido para dor de cabeça, deverá ser intrinsecamente harmônico; deverá conter em si um tal equilíbrio, que possa ser transmitido ao paciente. Muito embora esta reflexão tenha mais um caráter filosófico do que bioquímico, imagine como seria mais fácil compreender certos fenômenos se não estivéssemos tão amarrados à racionalidade. À razão se contrapõe a intuição, como a equilibrar o conjunto do pensamento. Não é portanto despropositada, a sugestão de que ao lógico seja somada a expressão do intuitivo, quanto mais não seja, até por uma questão de buscar uma solução mais completa, harmônica portanto.
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Fonte do Texto
O Tao do Ocidente.
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© 2000. P. G. Romano.
pgromano@hotmail.com
Agradeço a esse autor por
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Fonte da Imagem Editada
Autor: Sasin Tipchai (Tailândia).
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