O Tao do Ocidente - 17


Palavras de Sabedoria: 21 a 23 (I)


Duas jovens

21- "Não há Ética onde o Direito toma o lugar da Justiça."
Há uma permanente discussão sobre quem redigiu as Leis do Direito. Alguns alegam que foram os mais fracos para se defender dos mais fortes. Outros que os mais fortes as impingiram com a intenção de subjugar os mais fracos. Falemos em valores temporários e valores permanentes. Aqui estão dois valores para que sejam classificados: o Direito e a Justiça. O Direito no mais das vezes, muito pouco tem a ver com a Justiça, até mesmo porque, tenha sido ele escrito por um ou outro grupo, são patentes suas contradições e assim seu caráter ambíguo.

Quando neste livro falamos em valores permanentes, referimo-nos àqueles que não dependem de cultura, poder ou civilização. Por exemplo: se um indivíduo rouba, conforme o Código de Direito que estejamos consultando, receberá determinada pena ou não, de acordo com os usos e costumes do local. Agora, um pouco de Justiça. Se tivéssemos um Código de Justiça, que não temos, lá estaria um item que diria apenas: não se deve prejudicar outra pessoa. Muito mais sintético, conclusivo e justo. Se o cidadão vai receber 1, 2 ou 5 anos, esta é uma questão de Direito, não de Justiça. Lao-Tsé foi muito feliz em sua afirmação, pois a simples aplicação das normas do Direito, não garante que a Justiça será feita, já que estas normas são sempre tendenciosas e favorecedoras. Nenhum Código de Direito, poderia se sobrepor aos preceitos básicos de uma Justiça que preservasse a integridade harmônica do indivíduo, da coletividade, da nação. Infelizmente estamos longe disto. O que engrandece a raça humana são os esforços individuais que encontramos aqui e ali.

22- "Renuncie às suas habilidades e artimanhas."
Em seus anos de côrte, Lao-Tsé desenvolveu a habilidade de distinguir instantaneamente o falso do verdadeiro, o elogio sincero da bajulação, a competência da malícia. Ao optarmos pelo caminho do crescimento, estas habilidades e artimanhas, que foram se desenvolvendo em nosso relacionamento com o mundo, devem evidentemente ser modificadas ou definitivamente esquecidas. Aquele que segue o caminho do Tao deve se esforçar por ser virtuoso. Em hipótese alguma, se torna um santo, mas sem dúvida se destaca como um indivíduo modesto e justo. Muitos de nós sentimos em alguma ocasião da vida, uma espécie de aviso interno, que alertava para nossos erros e falhas e para a necessidade de nos corrigir. Se você já teve esta sensação, e fez uma opção consciente, não cabe a ninguém mais senão a você próprio, se esforçar por manter-se no caminho escolhido.

Ficar esperando elogios ou palavras de admiração, só mostra o quanto se está longe da meta. Estas atitudes imaturas, não são muito diferentes das habilidades e artimanhas que continuam presentes. Renunciar à mentira e ao engana-se a si próprio, é básico para aquele que pretende continuar na trilha. No dia em que você sentir que cresceu ummilímetro, um só, não duvidará mais que, de fato, valeu a pena...

23 (I)- "O mundo se alegra numa festa, que acredita não ter fim."
Aí está um bom tema para os dias que correm. O mundo se divide em países ricos e países pobres, e nestes há uma terrível desigualdade entre os habitantes: os que são muito, muito ricos e os que são muito, muito pobres.

Não há necessidade de se valer da Economia para perceber esta verdade incontestável. Quando se fala em Ecologia e em sistemas ecológicos, pensa-se em plantas, bichos e oceanos. Não está errado, na medida em que, de fato, a Ecologia estuda a relação dos seres vivos com o ambiente. Sucede porém, que o ambiente sofre influência de todo o processo econômico e tecnológico. Assim, não podemos deixar de incluir nos estudos ecológicos, todas as mazelas sociais, políticas e econômicas que circulam por este planeta. Acabaremos por ter um tipo de Ecologia mais abrangente, holística, que não será nada bonita de se ver ou de se pensar. Infelizmente, porém, esta é que é a realidade.

O Tao, como Ordem harmônica, acaba realizando exatamente o que o homem sugere: ao tempo em que um país se torna rico, alguns outros ficarão pobres; há violência dos bandidos e a contrapartida da polícia; homem contra a natureza e a natureza contra o homem. O planeta precisa subsistir, e para subsistir é fundamental que as forças atuantes estejam em equilíbrio harmônico. Esta Lei que estamos estudando, chamada Tao, promove a cada instante o necessário reequilíbrio, para que a Ordem cósmica continue existindo.

Nem sempre o resultado vai agradar a mim ou a você. No entanto é inexorável. Ao contrário da ideia ocidental do Deus bondoso e provedor, o Tao oriental é IMPLACAVELMENTE JUSTO e infinitamente eficiente. Foi dado ao homem o livre arbítrio e, de uma forma ou de outra, ele o usa. Destrua-se uma floresta e a harmonia se restabelecerá em forma de deserto. Assuntos, como a dívida externa de um país, são por vezes abordados ingenuamente, como se alguém pudesse manipular impunemente, à sua vontade, o sistema financeiro mundial, que por sua vez está amarrado a esta grande Ecologia.

Não há nada que se faça, de bom ou de mau, que não resulte na geração de um fato que invariavelmente harmonizará a atitude tomada. Esta é a Lei, a maior das Leis: o próprio Tao. O Tao, está presente em todos os atos, fatos e pensamentos do homem, bem como nos movimentos naturais dos rios, oceanos, planetas, galáxias, átomos... Nada escapa ao Tao. Até porque este é seu papel.

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O Tao do Ocidente.
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© 2000. P. G. Romano.
pgromano@hotmail.com
Agradeço a esse autor por
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Fonte da Imagem Editada

Autor: Sasin Tipchai (Tailândia).
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