O Tao do Ocidente - 13
Palavras de Sabedoria: 10 a 12 (I)

10- "É grande o valor do silêncio."
Existem duas posturas em relação ao silêncio. Em primeiro lugar, há o silêncio passivo, que é aquele onde nos colocamos receptivos às palavras, idéias, etc., dos que notoriamente sabem mais do que nós. É o silêncio do escutar, da apreensão racional. Em segundo lugar, há o silêncio ativo, onde a mente aquietada cede espaço, para a que a intuição nos forneça a resposta à uma questão. Poderíamos dizer, que é o silêncio para a ação harmonizante do Tao. O silêncio passivo irá corresponder, na prática, à uma posição de modesta humildade. Mesmo que sejamos expoentes em nossa especialidade, quem nos garante que sabemos tudo? Que não falta um pedacinho qualquer que irá complementar nossos conhecimentos? Manter silêncio na aprendizagem, é sinal de evolução espiritual.
Lê-se ainda no Tao-Te-Ching, que aquele que muito fala, nada tem a dizer. Isto parece fazer bastante sentido, quando por prepotência, vaidade e orgulho, brilhantes intelectuais defendem de forma douta graves erros, para os quais constroem justificativas cheias de arabescos e totalmente mentirosas. O leitor certamente conhece casos e casos...
O silêncio ativo, uma das mais notáveis conquistas daqueles que têm a percepção do Tao, acaba por resolver problemas complicadíssimos, sem que tenhamos outra coisa a fazer senão nos colocar em wu-wei, isto é, numa postura de mente silenciosamente ativa. Não há necessidade de fazer nenhuma ginástica, nem de orar ou recitar mantras. Se você se sente bem em fazê-los, tudo bem. Se por outro lado, você tem dificuldades, não gosta ou não se sente à vontade, mas ABRE ESPAÇO, o Tao irá agir da mesma forma. O Tao é uma Ordem universal e cósmica, e portanto não faz distinção de estilos ou ritos, ou da falta deles. É suficiente que se dê o espaço de silêncio para a sua ação harmonizadora.
Quanto ao problema em questão, não devemos pensar nele durante nosso silêncio. Ele deve ser, digamos, congelado como se você, antes de pacificar seus pensamentos, o sentisse bem e em seguida o paralisasse. A solução da questão será inevitavelmente intuída. Experimente inicialmente em pequenos problemas e depois vá avançando.
11- "Porque o sábio pouco cuida do material; seu Eu evolui."
Onde está o erro em nos preocupar com o ganhar a vida, poupar, prever, prover, gastar...? Não há erro nenhum quando as coisas são feitas de maneira moderada. É preciso entender que a moderação é o mesmo que harmonia e equilíbrio. O exagero no trabalho pelo trabalho, nas poupanças e provimentos, são atitudes insensatas. Por que insensatas? Porque o ser humano possui duas partes distintas: a material e a espiritual. Até os mais incrédulos sabem que isto é uma verdade. Não importa como você encara o espiritual, se de forma metafísica, biológica ou sentimental. O fato é que o material é palpável e o espiritual, não. O Tai-Chi, que nos lembra as partes em harmonia, sugere claramente a matéria de um lado e o espírito de outro. São portando as duas faces da mesma moeda, ou se preferirmos, pares complementares.
Ora, a dedicação exclusiva à matéria, estaciona o indivíduo num certo patamar. Afinal, foi dito no Tao-Te-Ching, que o valor das coisas é medido pelos vazios e não pelos cheios: uma panela ainda tem valor, se contiver espaço disponível. O mesmo se dá com uma sala. A um recipiente cheio, nada mais se pode acrescentar, porém naquele que dispõe de espaço, o crescimento ali se instalará. Esta é a razão pela qual o homem mundano, é o que mais necessita e TEM as condições para seu crescimento global.
Evidentemente, ninguém pode obrigar ninguém a fazer aquilo que não quer. Existem milhões e milhões de pessoas que estão muito satisfeitas e felizes, levando uma vida exatamente da maneira como o mundo a apresenta. Os conselhos e sugestões que se possam dar são absolutamente inúteis e impertinentes. Os processos de aperfeiçoamento funcionam como um tipo de prática esportiva: se a pessoa, bem no seu íntimo, NÃO QUER nadar, ela jamais aprenderá a nadar, a não ser quando por necessidade for obrigada.
12 (I)- "A virtude é como a água, modesta em sua adaptação."
Foi dito que o sábio é firme nas questões de Justiça. Ao se falar aqui em adaptação, poderíamos supor então que a Justiça é maleável conforme o caso? Quando o assunto é o Tao, a Justiça de que falamos é um valor absoluto, universal, permanente e imutável. Quando o assunto é o mundo, a Justiça leva o sobrenome de Direito e sofre constantes revisões de acordo com os usos e costumes vigentes naquela sociedade e naquele tempo.
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Fonte do Texto
O Tao do Ocidente.
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© 2000. P. G. Romano.
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Agradeço a esse autor por
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Fonte da Imagem Editada
Autor: Sasin Tipchai (Tailândia).
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