O Tao do Ocidente - 12


Palavras de Sabedoria: 7 a 9


Mulher com caprinos

7 - "Observe para onde leva a trilha das carroças."
Aí está uma observação de muitas interpretações, todas boas e todas de grande validade. Quando durante muitos anos as carroças passam por uma estrada de terra, vão deixando sulcos que se aprofundam com o tempo. As questões que podem ser postas também são muitas: -Será que este é o único caminho? -Será que nunca ninguém tentou outro? -Faltou curiosidade aos que me antecederam? -Que distância devo percorrer até o destino? -Devo crer que o caminho é seguro?

Você está convidado a dar sua própria interpretação às questões, como forma de se exercitar. Não procure as respostas marcadas nas "trilhas" de sua mente, pelo contrário, procure soluções novas, originais, porém, se não chegar a um acordo, adote então a solução já trilhada. De uma coisa você pode ter certeza: é um excelente começo no exercício do desenvolvimento pessoal. Uma das coisas que mais nos prejudicam é nossa vaidade, nosso orgulho em admitir nossa ignorância. Não há nada de mais nisto. Quem é que sabe tudo afinal? Pense nisto e, serenamente mãos à obra. Com calma. Não há pressa, você tem o tempo que quiser. Não se preocupe com suas respostas. Elas sempre serão as SUAS respostas.

8 - "O sábio é firme quando a questão é de Justiça."
Se você imagina que um sábio é um individuo permanentemente afastado das coisas mundanas, está enganado. Quem se afasta assim é o eremita, que não é necessariamente um sábio. Lembram-se de Gandhi? Bem, Gandhi era sem dúvida alguma um sábio que, embora tivesse uma vida muito modesta, longe da confusão das grandes cidades, mantinha-se muito atento às necessidades de seu povo. Ele era particularmente sensível às injustiças praticadas pelo poder colonial que ocupava seu país. Muitas vezes ele liderou manifestações do tipo não-violência, que infelizmente, resultaram em tragédias.

Um dos mais fortes sentimentos que vêm marcando a vida dos grandes homens, é o apego à Justiça. Não devemos confundir Justiça com Direito. Direito são as Leis postas no papel. São as Leis escritas por quem está no poder, habitualmente para defender seus próprios interesses. Daí que o Direito não reflete necessariamente a Justiça. A Justiça, tal como o sábio a vê, é um valor equilibrante, harmônico e absoluto. Assim, é natural que ela seja motivo de sua constante preocupação. De fato ele não seria sábio, se permanecesse indiferente às injustiças praticadas à sua frente, pois estaria contribuindo para desequilibrar ainda mais o sistema. Suas atitudes ao denunciar tais ocorrências, podem gerar situações por vezes muito fortes (veja o caso de Gandhi) que acabam por dar a impressão de que se estaria combatendo a injustiça com a injustiça. Para o sábio, a Justiça não é uma entidade abstrata e utópica, mas um valor real, harmonizante e eterno. Para ele, Justiça é o próprio Tao.

9 - "Quanto mais falamos do Universo menos o entendemos."
Desde que o pensamento lógico se tornou a base das deduções científicas ocidentais, tem-se perdido a oportunidade de utilizar este instrumento da inteligência em conjunto com a intuição, instrumento da sabedoria. Quando o Universo é observado sob um telescópio, o simples bom senso indica os resultados incompletos, quando não falsos. Esta não é uma opinião exposta por leigos inconsequentes, que visam alguma fugaz notoriedade. Há fortes indícios de que existe efetivamente uma relação causa-efeito entre o pensamento e movimento de certas partículas sub-atômicas. Para aqueles que, já há muito tempo, percebiam intuitivamente que as características do Universo são tantas e tão além da percepção dos instrumentos, isto não constitui novidade.

Acontece, no entanto, que a vida mundana se rege basicamente pelos sentidos, e assim a ciência e a tecnologia são voltadas para atender as necessidades mais aparentes. Não haveria mal algum, se tudo andasse bem, se este enfoque conseguisse que o homem se realizasse material e espiritualmente. Claro que isto não ocorre, todos nós sabemos. E não ocorre porque a ciência, racional e lógica, é incapaz de incursionar no terreno do maravilhoso, do inexplicável. O que dizer dos sonhos que acabam por se realizar? Como equacionar as visões? E como dar um sentido racional às grandes coincidências?

Parece-nos uma falha de caráter, a manutenção de posições científicas estanques, movidas muitas vezes por interesses pessoais, prepotência, preguiça mental, ignorância ou intransigência. Sabemos muito bem que os fenômenos parafísicos não resistem aos mais simples testes de veracidade científica, como por exemplo o da repetibilidade. Acontece que não se pode medir comprimento com uma balança. Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

O desenvolvimento sistemático da percepção desses fenômenos, certamente trará as réguas com que eles serão medidos. Esta reflexão sobre a citação do Tao-Te-Ching, poderia se encerrar de forma bastante natural: há fenômenos observáveis direta ou indiretamente pelos sentidos, e que são o campo de atividade da ciência lógica formal, e há fenômenos puramente conceituais que serão o campo de uma nova ciência paralógica. Aí então, e só então, o homem conhecerá o Universo e todas suas implicações.

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O Tao do Ocidente.
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© 2000. P. G. Romano.
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Agradeço a esse autor por
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Fonte da Imagem Editada

Autor: Sasin Tipchai (Tailândia).
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