O Tao do Ocidente - 25
Palavras de Sabedoria: 43 a 45 (I)

43- "Qual o sentido da vida?"
O sentido da vida, é uma expressão que geralmente evoca a ideia que se faz sobre o destino do Homem - de onde viemos, para onde vamos e principalmente o que estamos fazendo aqui. Este assunto fascinante, transcende em muito o escopo deste livro. O que iremos falar, é sobre a direção que estamos dando à nossa vida, à nossa filosofia de viver. Somos racionais ou emotivos? Faz sentido a maneira como estamos conduzindo as coisas? As pessoas exibem a todo momento o seu sentido de vida; basta observar atentamente, o que está por trás de cada um de seus gestos.
Imagine agora, todo mundo agindo de acordo com a sua vontade pessoal. A organização social não duraria um dia, tal a confusão gerada. Para isto existem as Leis que são determinadas e modificadas de tempos em tempos. Seu objetivo é que as pessoas pensem e ajam de forma mais ou menos igual. A liberdade individual é, portanto, cerceada e vigiada de tal sorte que um não incomode os outros. Pelo menos essa é a teoria.
Quem quiser viver no mundo desta sociedade deve se sujeitar às Leis deste clube. Se no entanto, você acha que a sua liberdade é mais preciosa que as convenções estabelecidas, o melhor que tem a fazer é afastar-se desta sociedade que o está incomodando, e encontrar uma outra, em outro local, quem sabe uma comunidade, um "ashram" talvez, onde seus componentes pensem e ajam mais ou menos ao seu modo. De uma forma ou de outra, uma coisa é certa: pode-se encontrar uma comunidade que acolha algumas de nossas ideias sobre o sentido que damos à vida, mas não todas. Viver em uma grande cidade, exige enorme grau de adaptação. Quando dá certo, tudo corre bem; quando não dá, surgem os problemas emocionais.
Nas cidades pequenas a paz é maior, mas as frustrações também existem. Forja-se, desta maneira, a maneira que cada um imprime à sua existência. Parece plausível assim, que meu sentido de vida não tenha muito a ver com o seu, e o seu com o dos outros. Em resumo: não há uma verdade neste assunto. Uma vida harmoniosa e tranquila é conseguida por meio de pensamentos e ações serenas e equilibradas, onde a intuição e a razão se equivalem; onde o bom-senso do Tao harmonizante predomine, sem rigidez nem fanatismo.
44- "Sem desejos o homem retornará à primitiva simplicidade."
Analisemos a citação de Lao-Tsé, nesta proposta eminentemente oriental. Sugere que ao eliminar os desejos do homem, ele voltará à sua antiga simplicidade. O que que dizer exatamente isso? Quando você tem muitos desejos, é bastante possível que não consiga realizar boa parte deles. Ou quem sabe o consiga, mas não na forma como imaginava. A sistemática repetição destes fatos, agride a mente e nossas emoções e poderemos ficar até, coisa bastante comum, emocionalmente doentes - angustiados, tensos, deprimidos...
Se por outro lado, você limita desejos e ambições, com certeza terá muito menores chances de se frustrar e consequentemente de sofrer suas sequelas. Assim, um homem que tivesse pouco, mesmo podendo ter muito mais, nada teria a escolher e decidir (ver a questão da ambiguidade) e seria mais tranquilo e feliz. Isto é economia emocional, excelente processo harmonizante. Vimos que a vida mundana, é mais voltada ao TER do que ao SER; que a régua que mede o homem, é a do status social e do poder econômico. Veja como são bem vistos (?) os filantropos que ajudam na construção de museus, independente de seu efetivo valor como seres humanos!
É muito difícil a convivência entre riqueza e Justiça, porque não se fica rico sem que alguém fique pobre e saia prejudicado. Portanto, sob este enfoque, não há Justiça. A simplicidade a que se refere o autor do Tao-Te-Ching, são aqueles valores SEUS, que ninguém pode tirar. Quem vai roubar o seu amor pelas artes, ou pelas outras criaturas, ou seu desejo por conhecimentos, sua criatividade, sua liderança?... É pela redução do apego excessivo aos bens materiais; é pela abolição consciente das ambições impossíveis e prejudiciais e é também pela valorização dos méritos individuais que se pode vislumbrar uma fímbria de luz que marcará os tempos mais sadios.
45 (I)- "O Tao acumula em virtudes."
Vamos entender bem o que isto significa. A maioria das pessoas no ocidente, em momentos de dificuldade, costuma pedir ajuda a Deus por meio de orações ou súplicas. Quando este pedido é atendido, há, naturalmente, motivo de grande júbilo. Se por qualquer razão, a pessoa se vê envolvida em outro acontecimento infeliz, ela volta a suplicar ao Senhor. "Estarei abusando de Deus?". Este pensamento é absurdo, pois Deus não estabeleceria nenhuma espécie de limite. Em segundo lugar, isto seria nivelar Deus ao homem. Deus é Deus, é Grande, é Justo e não mede as coisas com nossas medidas.
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Fonte do Texto
O Tao do Ocidente.
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© 2000. P. G. Romano.
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Agradeço a esse autor por
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Fonte da Imagem Editada
Autor: Sasin Tipchai (Tailândia).
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