O Tao do Ocidente - 41
A Unidade e o Tao

E quando falamos em unidade, vem-nos à mente o Tao, e muitos outros temas que até hoje, por desconhecimento de sua origem, são chamados de ilógicos, parafísicos ou transcendentes. Esta revolução, que embora próxima, parece distante, somente abalaria a fé dos que não a possuem, pois, o que tem a ver movimentos de partículas ou energias sutis, com questões conceituais? Deus continuará sendo Deus sempre, pois seria absurdo imaginar que Ele se subordina a descobertas da pesquisa científica. Pelo contrário, isso só confirma a grandeza de Sua criação, através de seu criado.
A influência do Tao, não se faz sentir somente nas ciências - as artes são contempladas de maneira notável. Nos jardins e nas pinturas, no canto e na música, nas vestes, na arquitetura e decoração, a Harmonia e serenidade do Tao, se fazem matéria e espírito, ação e sentimento. Os jardins chineses, grandes ou pequenos, obedeciam uma regra básica: o que lá fosse colocado, deveria estar em Harmonia com seu oposto, constituindo o conjunto um todo equilibrado, como são equilibradas as forças universais.
As pessoas que lá viessem, fosse para passear ou para meditação, sentiam a Unidade, expressa pela continuidade do céu, sol e nuvens descendo e se unindo às montanhas, vales, rios e plantas, chegando em sua indescritível beleza à própria pessoa, compondo um amplo e magnífico quadro do Todo. No verão, o calor era amenizado às suas sombras extensas e refrescantes; no inverno, grutas e construções abrigavam passantes e homens piedosos, que lá vinham orar; no outono e na primavera, folhas e flores, forravam a paisagem de exemplos da magnificência da Harmonia.
Quando o espaço não permitia tão grandes construções, faziam-se jardins em pequenos terrenos públicos, em quintais e até mesmo existiam os jardins em miniatura para serem levados para dento de casa. Ter em um canto da sala, um pequeno jardim harmônico, constituía uma constante chamada ao equilíbrio e serenidade. Não são coisas que a mente ocidental possa conscientemente perceber, ou melhor, viver.
O sentimento de integração que estes jardins inspiram, é tão maior quanto mais desligados se estiver da razão e da lógica, deixando fluir livremente a intuição e os sentimentos reprimidos, quantas vezes, pela rudeza do dia-a-dia. É fácil perceber, que os artistas que concebiam tais maravilhas, deviam estar mergulhados no intuitivo e indizível, ao planejar e executar estas obras. Não poderiam ser homens comuns, pois se assim o fossem, o resultado seria um jardim como outro qualquer.
E os quadros, pintados segundo o sentido do Tao? Nestes, não havia começo nem fim. Do topo, onde se achava o céu, uniam-se nuvens esmaecidas que ao descer se integravam às escarpadas montanhas ao fundo, formando longos e sinuosos vales em seu sopé, permitindo a ocorrência dos suaves regatos que deixavam suas águas num sereníssimo lago. Plantas e flores, árvores e pedras, habitavam este local, de onde partiam pássaros e vapores rumo ao alto. Nada ali estava por acaso.
A Unidade, o Tao, não seria alcançado pelo acaso, senão pelo desejo inexpresso da própria união. Além dos jardins e da pintura, encontramos ainda a influência do Tao na Música. Melodias geram sentimentos diferentes. Algumas, nos despertam um forte sentido de alegria, outras de profunda tristeza. Existem as que nos são indiferentes e outras ainda, que nos elevam ao divino. O motivo disto não fica muito claro, quando procuramos entender o fenômeno à luz da razão, onde a Física se junta à Matemática e à Biologia, para nos dar uma resposta.
Ao se ouvir uma canção composta por um seguidor do Tao, notam-se duas Harmonias: a primeira, que é aquela estudada nas Escolas de Música do mundo inteiro; a outra Harmonia, ilógica e irracional, derivada da intuição pura do compositor. O que se vê nos jardins e pinturas, sente-se na melodia. As notas têm serenidade e curvas que tangenciam seus opostos, num entrelaçado de suave tessitura.
Os acordes acompanham a melodia, transcendendo o objetivo incompleto de agradar somente o ouvido do espectador; é preciso mais - é preciso atingir sua alma. Trata-se de uma técnica extremamente apurada, que deseja alcançar a Unidade. O autor tem que ter em mente os seus sentimentos, por certo, e com a mesma preocupação voltada para a orquestra e audiência,naquilo que chamamos de empatia. Todo o processo de criação, deve estar impregnado de amor no sentido de união.
Existem excelentes livros que falam sobre este tema específico, que por sua vez é irremediavelmente ligado à dança. A dança no Tao tem um histórico notável, que é citado no mais antigo livro da sabedoria chinesa - o I-Ching.
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Fonte do Texto
O Tao do Ocidente.
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© 2000. P. G. Romano.
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Agradeço a esse autor por
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Fonte da Imagem Editada
Autor: Sasin Tipchai (Tailândia).
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