
Poesias de Khalil Gibran - Página 1

Gibran Khalil Gibran, também conhecido como Khalil Gibran (1883 - 1931), foi um ensaísta, filósofo liberal, prosador, poeta, conferencista e pintor de origem libanesa. Seus livros e escritos, de simples beleza e espiritualidade, são reconhecidos e admirados para além do mundo árabe. No colégio dos Estados Unidos, onde viveu e trabalhou a maior parte de sua vida, um erro de registro reduziu o seu nome para Khalil Gibran.
Em sua relativamente curta, porém prolífica existência (viveu apenas 48 anos), Khalil Gibran produziu obra literária acentuada e artisticamente marcada pelo misticismo oriental. Sua obra, acentuadamente romântica e influenciada por fontes de aparente contraste como a Bíblia, Nietzsche e William Blake, trata de temas como o amor, a amizade, a morte e a natureza, entre outros.
(Resumido e adaptado da Wikipédia)
Índice
O Amor;
Os Desejos do Amor;
O Autoconhecimento;
A Amizade.
O Amor
Quando o amor te acenar, segue-o,
ainda que por caminhos ásperos e íngremes.
E quando suas asas te envolverem,
rende-te a ele,
ainda que a lâmina escondida sob suas asas possa ferir-te.
E quando ele te falar , acredita no que ele diz,
ainda que sua voz possa destroçar teus sonhos,
assim como o vento norte açoita o jardim.
Pois, se o amor te coroa, ele também te crucifica.
Se te ajuda a crescer, também te diminui.
Se te faz subir às alturas
e acaricia teus ramos mais tenros, que tremem ao sol,
também te faz descer às raízes
e abala a tua ligação com a terra.
Como os feixes de trigo, ele te mantém íntegro.
Debulha-te até que fiques nu.
Transforma-te, retirando a tua palha.
Tritura-te, até que estejas branco.
Amassa-te, até que te tornes macio;
e então te apresenta ao fogo,
para que te transformes em pão,
no banquete sagrado de Deus.
Todas essas coisas pode o amor realizar,
para que saibas dos segredos do teu coração,
e com esse conhecimento sejas um fragmento
do coração, da vida.
Os Desejos do Amor
O amor não tem outro desejo senão
o de atingir a sua plenitude.
Se, contudo, amar é precisar ter desejos,
sejam estes os vossos desejos:
De se diluir no amor e ser como um riacho
que canta a sua melodia para a noite...
De conhecer a dor de sentir ternura de mais...
De se ferir por vossa própria compreensão do amor ...
De sangrar de bom grado e com alegria...
De despertar na aurora com o coração alado
e agradecer por um novo dia de amor...
De descansar ao meio-dia e meditar sobre o êxtase do amor...
De tornar à casa de noite, com gratidão ...
E de adormecer com uma prece no coração, para o ser bem amado,
e nos lábios uma canção de bem aventurança ...
O Autoconhecimento
Então, um homem se dirigiu a ele:
Fala-nos do conhecimento de si.
E ele respondeu:
Os vossos corações conhecem, no silêncio,
os segredos dos dias e das noites.
Mas os vossos ouvidos têm sede de ouvir, no final,
o eco do saber dos vossos corações.
Gostaríeis de saber pelo verbo
o que sempre soubestes pelo pensamento.
Gostaríeis de sentir com os dedos
o corpo nu dos vossos sonhos.
E está certo que assim o queirais.
A fonte oculta da vossa alma deve necessariamente
jorrar e correr, murmurando, até o mar;
e o tesouro das vossas profundezas infinitas
deve revelar-se aos vossos olhos.
Mas que não haja balança
que pese o vosso tesouro desconhecido;
e não procureis explorar os abismos do vosso saber
com a vara ou com a sonda,
pois o eu é um mar sem limites e sem medida.
Não digais: "Encontrei a verdade",
mas antes: "Encontrei uma verdade."
Não digais: "Encontrei o caminho da alma."
Mas antes: "Cruzei-me com a alma no meu percurso."
Pois a alma caminha por todas as vias.
A alma não anda sobre uma linha
nem se alonga como uma vara.
A alma abre-se a si mesma,
como se abre um lótus de incontáveis pétalas.
A Amizade
Vosso amigo é
a satisfação de vossas necessidades.
Ele é o campo que semeais com carinho
e ceifais com agradecimento.
É vossa mesa e vossa lareira.
Pois ides a ele com vossa fome
e o procurais em busca de paz.
Quando vosso amigo expressa o pensamento,
não temais o "não" de vossa própria opinião,
nem prendais o "sim".
E quando ele se cala, que vosso coração
continue a ouvir o coração dele,
Porque na amizade, todos os desejos,
ideais, esperanças, nascem e são partilhados
sem palavras, numa alegria silenciosa.
Quando vos separais de vosso amigo,
não vos aflijais.
Pois o que amais nele
pode tornar-se mais claro na sua ausência,
como para o alpinista a montanha
aparece mais clara, vista da planicie.
E que não haja outro objetivo na amizade
mas somente o amadurecimento de espirito.
Pois o amor que procura outra coisa,
que não a revelação de seu próprio mistério,
não é amor, mas uma rede armada,
e somente o imprestável é nela apanhado.
E que o melhor que há em vós próprios
seja para o vosso amigo.
Se ele deve conhecer o fluxo de vossa maré,
que conheça também o seu refluxo.
Pois, quem julgais que é o vosso amigo,
se o procurais apenas para passar o tempo?
Buscai-o sempre, com horas para viver:
O papel do amigo é encher vossa necessidade,
e não o vosso vazio.
E na doçura da amizade,
que haja risos e o partilhar dos prazeres.
Pois no orvalho de pequenas coisas,
o coração encontra a sua manhã
e se sente refrescado.
Fonte do Texto
Livro "O Profeta", de Khalil Gibran.
Fonte da Imagem
Khalil Gibran:
Autorretrato con musa.
Museo Soumaya.
(https://commons.wikimedia.org/
wiki/File:Khalil_Gibran_-_
Autorretrato_con_musa
_(1911).jpg)
Attribution required by
the license: © Benoît Prieur/
Wikimedia Commons/
CC BY-SA 4.0
Pesquisa, seleção, revisões e edições por Euro Oscar.
Buscar no Site