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Primeiramente, Respeitem as Mães

Data: 27/09/2009 – Ocasião: Dasara1 – Local: Prasanthi Nilayam

Há milhões de anos, tudo era escuridão. Não havia seres humanos ou quaisquer outras criaturas. Havia trevas em todas as direções. Então, ao mesmo tempo, choveu torrencialmente durante anos a fio e, em decorrência desse dilúvio, formaram-se os oceanos e as montanhas se ergueram. Gradativamente, as estrelas apareceram no céu. O sol também brilhou e projetou os seus raios sobre a Terra. Os oceanos e o céu tornaram-se azuis. A cor azul é indicativa da vastidão dos oceanos e do céu. Deus também é imenso, por conseguinte, retratado com uma aparência azul. Aos poucos, as florestas e as colinas, os insetos e os pequenos animais, os pássaros e os animais ferozes cresceram sobre a Terra. Milhões de criaturas de espécies diferentes, como também os seres humanos, começaram a povoar a Terra.

Certa vez, há vários anos, visitei Anantapur2. Era muito jovem na ocasião. Hospedei-me na casa do coletor distrital3. Ele veio a Mim e pediu-Me: “Swami, há vários cervos por aqui. Por favor, leve dois com Você e os mantenha em Seu Ashram”. O prédio de Prasanthi Nilayam ainda não havia sido construído. Eu trouxe aqueles dois cervos e, inicialmente, mantive-os em Bangalore. Aos poucos, multiplicaram-se às centenas, e já não havia espaço suficiente para que se movimentassem. Portanto, foram transferidos para Prasanthi Nilayam e mantidos isolados em um parque para cervos. Assim, a criação se multiplica dia a dia.

Está chovendo lá fora. Observei algumas senhoras ficando encharcadas na chuva. Vocês permitam que aquelas senhoras entrem. Os homens também! Lamento que tantos devotos, nos lados das mulheres e dos homens, fiquem de pé na chuva para receber o darshan de Swami e ouvir o Seu discurso. Ninguém pode desvendar o mistério das ações de Deus.

Quando cursava o ensino médio em Kamalapuram, pequena cidade perto de Kadapa, uma sede de distrito no atual estado de Andhra Pradesh, Eu era muito jovem e baixo. Uma feira costumava ser realizada na cidade, em grande estilo, todos os anos, em um lugar chamado Pushpagiri, localizado entre Kamalapuram e Kedapa. Certo dia, o treinador da nossa escola disse-nos: “Haverá uma grande feira de gado em Pushpagiri na próxima semana. Muitas pessoas de todos os distritos e vilas próximas virão participar da feira. Teremos de enviar voluntários da nossa escola para controlar a multidão e para auxiliá-la de alguma forma”.

Nosso instrutor era também o chefe de nosso grupo de escoteiros. Insistiu para que todos os rapazes da nossa escola participassem do acampamento e ajudassem os visitantes da feira. Disse-Me particularmente, “Raju! Você deve ser o líder deste acampamento de escoteiro”.

Protestei dizendo: “Senhor, todos são mais velhos do que Eu. Como posso controlar estes rapazes? Não posso”. Então todos os rapazes e professores, unanimemente, apoiaram minha indicação para líder do acampamento.

No dia seguinte, nosso instrutor chamou todos os rapazes e instruiu-nos para usarmos uma camisa de cor cáqui e bermudas com cinto de couro e apito. Também insistiu para que todos nós usássemos botas e levássemos um bastão e uma lanterna. Como Eu poderia conseguir todos aqueles itens? Não tinha sequer um centavo em Meu bolso.

Dois de meus colegas, chamados Ramesh e Suresh, e Eu, costumávamos sentar em um banco de três assentos em nossa classe. Os dois rapazes sentavam-se a Meu lado. Ramesh era o filho de um rico “Sirasthadar” (um funcionário da Receita). Ele e Eu tínhamos a mesma altura. Dirigiu-se a seu pai e pediu-lhe: ”Pai, gosto muito da roupa cáqui. Por favor, mande fazer dois conjuntos de camisas e bermudas para mim!“. Não revelou,entretanto, o fato de que pretendia dar o segundo conjunto para outra pessoa.

No dia seguinte, trouxe o conjunto numa sacola e colocou-a debaixo da minha carteira com um pequeno bilhete. Escreveu: “Raju, você é meu irmão. Se você não se importar, por favor, aceite esta roupa. Não a devolva. Se você fizer isso, eu me sentirei muito mal e cometerei suicídio”.

Tenho por hábito não aceitar coisa alguma de ninguém. Creio, firmemente, que a amizade entre duas pessoas não durará na base do relacionamento toma lá dá cá. Por isso, devolvi as roupas com uma nota dizendo: “Se você e Eu vamos continuar como bons amigos, receba estas roupas de volta”. Ramesh ficou literalmente em lágrimas com a Minha insistência. Aceitou as roupas de volta com grande relutância.

Todos os rapazes voluntários para o serviço de escoteiros começaram a ir a Pushpagiri no dia seguinte. Foi uma caminhada de onze milhas4, já que, naquela época, os ônibus não faziam essa rota. Os rapazes contribuíram com cinco rúpias5 cada um para pagar as despesas durante o período, mas Eu não tinha dinheiro, nem mesmo um centavo. Contudo, pensei num plano. Costumava manter meus livros sempre limpos e asseados. Naquele tempo, muito poucos rapazes estavam em condições de comprar livros novos quando eram promovidos às classes mais adiantadas. Assim, eles costumavam comprar livros de segunda mão, a baixo custo. Um menino pobre procurou-me para comprar Meus livros. Habitualmente, havia um plano de estudo intenso, mesmo para as classes menores como História, Geografia, Educação Cívica, etc. O preço dos Meus livros totalizava dezoito rúpias e Meus livros pareciam novos em folha. O rapaz não tinha condições para pagar essa quantia. Então, disse a ele, “Não fique triste. Pague-Me somente cinco rúpias e fique com os livros”. O rapaz ficou muito feliz e pagou-me imediatamente.

Naquela época, as cédulas de dinheiro eram raras, e ele Me pagou com pequenas moedas embrulhadas em um lenço. Estavam amarradas num tecido velho, incapaz de suportar o peso das moedas. As moedas se espalharam pela sala, fazendo um grande barulho. Ouvindo o barulho, a dona da casa aproximou-se e perguntou-Me: “De onde você obteve todo este dinheiro? Você o roubou do meu baú?” Ela começou a repreender-Me.

Expliquei a ela: “Não, mãe, Eu vendi meus livros para este menino. Ele Me deu as moedas”. Presenciando o incidente, o pobre rapaz disse a ela, “Mãe! Eu dei estas moedas a Raju em pagamento pelos livros, que eu comprei dele!” A mulher não acreditou em suas palavras e também o castigou. Ela Me tirou todas as moedas, deixando-Me sem uma rúpia sequer.

Os rapazes que participavam do acampamento de escoteiros eram todos ricos e bem-vestidos. Foram a Minha casa para levar-Me com eles. Nas circunstâncias em que Me encontrava na época, não tinha condições de acompanhá-los. Se lhes dissesse que estava com febre, eles trariam um termômetro e mediriam Minha temperatura. Se lhes dissesse que estava sofrendo de alguma doença, eles me levariam ao médico para ser examinado. Portanto, disse-lhes: “Eu estou com dor de estômago, não posso acompanhá-los hoje”.

Os rapazes, sentindo-se desconsolados, relutantemente, partiram sem Mim para o acampamento.. Depois, parti sozinho, na mesma noite, caminhando à luz da lua. Caminhei muito e cheguei a Pushpagiri ao alvorecer. Estava muito cansado, após uma caminhada de onze milhas. Estava com fome e com sede. Queria lavar Minhas mãos e a boca e procurei por água. Não havia água por perto. Próximo, havia um tanque de alvenaria, em que armazenavam água para banhar vacas e búfalos. A água estava muito suja. Sentindo-me desamparado, lavei o rosto com a água suja e tomei dela um pouco para aplacar Minha sede.

Percebi, então, que alguém havia esquecido um pacote de beedies (cigarros de palha) e uma moeda de um anna6 sobre o tanque. Os cigarros, é claro, não tinham utilidade para Mim. Assim, joguei-os fora. Peguei a moeda de um anna e troquei-a por quatro moedas menores (bottus7). Enquanto voltava, percebi uma pessoa sentada à margem da estrada, jogando cartas espalhadas sobre um pano e convidando os transeuntes a apostarem nas cartas. Gritava: “Paus, espada, ouros, etc”. Ele Me convidou dizendo-Me: “Raju, você é um rapaz de sorte. Venha, venha! Aposte em qualquer carta de sua escolha, e eu lhe darei o dobro dessa quantia se você acertar”. Sem dúvida, era um tipo de jogo de azar, mas Eu estava desamparado naquele momento. Comecei colocando uma moeda numa carta diferente a cada vez. Todas as vezes, ganhei a aposta, recebendo o dobro do que havia apostado. Joguei até ganhar dezesseis annas. Decidi, então, que era o suficiente e deixei o jogo, voltando com o dinheiro que havia ganhado.

Como estava faminto, comprei três dosas8 com um bottu. Naquela época, cada dosa estava à venda por um dammidi9 (1/3 de um bottu). Assim, consegui comer dosas com dois bottus por dia. Apesar de realizar normalmente as minhas atividades, exatamente como qualquer um dos outros rapazes, estava consciente, bem no fundo de Meu coração, do fato de que apostar (jogo de azar) era uma prática ruim e de que Eu não deveria ter recorrido a ela. Conhecia a história de Dharmaraja que, no Mahabharata10, perdera tudo, inclusive sua esposa, seus irmãos e seu reino.

Ao final do acampamento de escoteiros, ainda tinha um bottu. Comprei alguns doces, frutas, flores, kumkum11 e algumas pulseiras para a Minha cunhada. Seshama Raju, o irmão mais velho deste corpo, saiu para um curso de treinamento para professores e já estava de volta. Tão logo entrei em casa, percebi que ele estava desenhando linhas num caderno com a ajuda de uma régua de madeira. Estava muito zangado porque a sua esposa tivera de pegar água durante a Minha ausência de três dias e, devido a isso, estava muito cansada. Quando ofereci a ela os doces e as frutas que trouxera de Pushpagiri, jogou-os no chão. Ela se recusou a aceitar até mesmo o kumkum, que é um sinal auspicioso.

Seshama Raju estava furioso após esse incidente. Pegou a régua em suas mãos e bateu-Me no antebraço, partindo-a em três pedaços. Minha mão ficou inchada. Não contei o acontecido a ninguém. Eu mesmo amarrei uma bandagem feita com um pano molhado sobre a mão inchada. No dia seguinte, o filho de Seshma Raju faleceu. Ele enviou um telegrama para o pai vir imediatamente. Naquela época, não havia posto de correio ou de telégrafo em Puttaparthi. Os telegramas eram enviados a Bukkapatnam, e, de lá, um mensageiro o levava até Puttaparthi. Pedda Venkama Raju, o pai deste corpo, costumava ir a Bukkapatnam regularmente para adquirir itens necessários na feira da aldeia. Viu o telegrama ali e, imediatamente, correu para Kamalapuram. Primeiro, conversou com os membros da família e, depois, perguntou por que Minha mão estava inchada e enfaixada.

Tentei justificar habilmente o incidente como algo insignificante e disse-lhe que havia batido acidentalmente numa porta em casa e que nada de sério havia acontecido. A dona da casa vizinha interveio e informou a Pedda Venkama Raju: “Senhor, não é um incidente isolado. Seu filho mais velho bate no rapaz todos os dias. Ficamos muito penalizados em observar o Seu sofrimento”.

Seshama Raju costumava ficar muito zangado Comigo, pois sua esposa tinha o hábito de reclamar de Mim diariamente, dizendo que Eu não realizava esse ou aquele trabalho, etc. Minhas tarefas diárias na casa incluíam aquecer a água para o banho, preparar o café de manhã cedo para Seshama Raju e sua esposa, fazer pequenos trabalhos na casa e, o mais importante, buscar água potável pela manhã e à tarde, em um canal situado a certa distância da casa. Para terminar todo esse trabalho a tempo de ir às aulas dentro do horário, tinha de levantar-Me de madrugada, isto é, por volta das três horas.

Apesar de toda essa agenda apertada, era muito feliz, porque o povo da aldeia tinha boa índole e amava-Me muito. Diariamente, costumavam perguntar afetuosamente pelo Meu bem-estar. gostavam muito de ouvir-Me cantar. Quando fui a Pushpagiri participar do acampamento de escoteiros, toda essa rotina de trabalho foi interrompida. Apesar dos vizinhos terem muita consideração por Mim, pelo Meu árduo trabalho e boa índole, as pessoas da família de Seshama Raju não puderam tolerar Minha ausência e a quebra da rotina diária. Costumavam gritar Comigo, caso Me atrasasse ao trazer a água do canal. Naturalmente, ignorava os gritos e levava meu trabalho adiante pacientemente, como sempre.

Griham Abbayi12 (o pai de Swami) informou-Me, naquela noite, que precisava sair para atender a uma necessidade fisiológica. Não havia luz. Tudo estava escuro. Eu segurava uma pequena lâmpada de querosene em uma das mãos e uma jarra com água na outra, e o acompanhei a um local isolado. Coloquei os objetos no chão e tentei voltar, mas ele segurou Minha mão e disse_me muito aflito., “Sathya, alguma vez bati em você em todos esses anos? Você tem suportado tanto sofrimento nas mãos dessas pessoas aqui. Deixe esta casa. Venha! Vamos partir para a nossa aldeia amanhã cedo”.

Tentei acalmá-lo dizendo: “Não é oportuno para Mim deixar a casa agora, especialmente quando eles estão imersos em sofrimento pela morte do filho. Por favor, vá primeiro. Eu irei depois”. Logo após, Griham Abbayi partiu para Puttaparthi muito relutantemente.

Chegando à casa, informou a Griham Ammayi (a mãe de Swami) sobre a situação em que Me encontrava. Ela não conseguiu conter a sua angústia e chorou por Minhas dificuldades. Disse a Griham Abbayi: “Sathya é um ótimo rapaz. Jamais bati nele. Agora me dei conta de que Seshama Raju bate nele frequentemente, dando ouvidos aos comentários dos outros. Não posso mais suportar isso. Nós podemos educar Sathya de algum modo, até mesmo vendendo sal se necessário. Ele não precisa depender dos outros para a Sua educação. Por favor, vá e traga Sathya de volta para nossa casa”. Griham Abbayi tentou explicar-lhe sua falta de meios para fazer isso, mas ela insistiu. Em vista disso, ele enviou o seguinte telegrama: “Mãe grave, volte a Puttaparthi”. Assim, não tive opção a não ser voltar a Puttaparthi.

Naquela época, havia um comerciante de nome Kotte Subbanna em Kamalapuram, que vendia o famoso tônico infantil chamado “Bala Bhaskara”. Deu-nos algum dinheiro para nossa viagem a Puttaparthi, já que nem Eu nem Griham Abbayi tínhamos dinheiro. Chegamos a Anantapuram com grande dificuldade. Em Anantapur, havia a família de um advogado, que eram boas pessoas. Toda a família era devota de Swami. Convidaram-nos para almoçar em sua casa.

Almoçamos com eles e, finalmente, retornamos a Puttaparthi. Assim que entramos em nossa casa, Griham Ammayi segurou minha mão e perguntou-Me: “Ainda está inchada? Está doendo?” Depois, aplicou vários remédios caseiros, inclusive um de farelo de arroz, sobre a parte afetada e fez massagens com água quente. Pobre senhora! Tentou tudo que podia para deixar-Me alegre. Todos, ao Meu redor, choraram ao ver minha mão inchada. Disse-lhes: “Não há nada a temer, tudo está curado”.

Desde então, decidi ficar em Puttaparthi permanentemente. Seshama Raju veio visitar-nos durante os feriados. Ambos, Griham Abbayi e Griham Ammayi, repreenderam-no duramente, dizendo, “Você levou este rapaz para ser educado; mas você o colocou sob grande tortura. Que tipo de educação é essa? Vá embora! Não lhe daremos nem mesmo o que comer!”

Depois disso, Seshama Raju foi transferido para Uravokonda. Levou-me com ele para que Eu fosse admitido na escola secundária. Lá havia bons professores, especialmente Sri Tammiraju, além de outro, chamado H.S. Ramana, que nos ensinava inglês. Gostava tanto de Mim que costumava levar-Me para sua casa. Não só esses dois, mas todos os nossos professores tinham grande afeição por Mim, pois Eu era um bom cantor e tinha uma voz melodiosa. Certo dia, colocaram-Me no palco, durante uma apresentação e pediram-Me para cantar uma canção. Cantei a seguinte canção:

Pegue qualquer legume de sua escolha, o preço é de apenas um anna,
leve berinjelas, elas são muito saborosas,
o poço era profundo e foi difícil tirar a água,
assim também a vida em Uravokonda13 era difícil de esquecer.
(Poema em télugo)

Todos os professores apreciaram a canção e felicitaram-Me por cantá-la. Mais tarde, eles Me pediram que cantasse a oração diária na reunião da Escola. Cantei assim:

Momento a momento soa o toque do seu clarim
- ouvindo suas magnânimas palavras,
os hindus, os budistas, os janistas, os parsis, os muçulmanos e os cristãos
vêm ao seu trono, de leste a oeste,
fazendo uma guirlanda de amor,
saudações àqueles que unem toda a humanidade!
saudações àqueles que controlam o destino de Bharat!
saudações a você! Saudações a você!
(Poema em télugo)

Essa era a nossa prece, que Eu costumava cantar diariamente na reunião da escola. Os professores de nossa escola ficavam de pé ao Meu lado durante a reunião e derramavam lágrimas de alegria diante de Meu melodioso canto. Eu realmente possuía uma bela voz.

Certo dia, anunciei às pessoas próximas que chegara o tempo de deixar a escola, bem como a casa, e iniciar a Minha Missão de aliviar o sofrimento da humanidade. Revelei Minha verdadeira natureza da seguinte forma:

Saibam que sou Sai, em verdade.
Rejeitem os seus relacionamentos mundanos.
Desistam de seus esforços para Me conter.
Os apegos mundanos não podem restringir-Me.
Nenhum deles, nem mesmo os grandes, podem segurar-Me.
(Poema em télugo)

Todos choraram copiosamente, incapazes de suportar a separação de Mim. O Diretor da nossa escola, Lakshmipathi, declarou feriado esse dia. Todos, inclusive os professores, estudantes e o público ficaram muito tristes com a Minha decisão de deixá-los.

No dia seguinte, um rapaz muçulmano foi solicitado a subir ao palco para cantar a oração. Ele também era um bom cantor e tinha uma voz melodiosa. Mas, no momento em que subiu ao palco, ficou muito emocionado, chorou incontrolavelmente, incapaz de suportar a separação de Mim. Sentou-se expressando sua incapacidade de cantar a oração. O canto diário da prece foi interrompido daí em diante. Em seu lugar, o Diretor da escola passou a dizer algumas palavras e a concluir.

Desde então, abandonei os estudos. Quando interrompi os estudos, estava somente na oitava série, mas as pessoas mais próximas admiravam-se de Minha erudição e pensavam que Eu poderia ter obtido algum diploma. Costumava escrever poesia e mantinha-Me afastado das pessoas. Usualmente, mantinha silêncio. Mesmo quando estava em casa, mantinha a mesma atitude. Logo após as refeições, ia sentar-Me nas areias do rio Chitravathi. Há uma colina ao lado do rio, aonde subia e sentava-Me em silêncio. Algumas pessoas, inclusive crianças das aldeias vizinhas e também de Uravakonda, costumavam visitar este “Sai Baba”. Subbamma cozinhava e servia-lhes comida. Sentia-se muito feliz com o seu serviço, pensando que estava servindo os colegas de Swami. Desde então, o número de pessoas que visitavam Swami aumentou com uma rapidez surpreendente.

Certa vez, o marajá de Mysore, Jayachamaraja Wodayar, veio com o seu carro. A estrada só chegava até Penukonda. Por isso, ele viajou numa carroça de bois, de Penukonda a Kamatanagepalli e daí à Puttaparthi, a pé. Ele argumentou Comigo: “Swami, por que Você se coloca em dificuldades, residindo em Puttaparthi? Por favor, venha para Mysore. Construirei uma grande mansão para Você”. Disse-lhe: “A árvore deve crescer no mesmo lugar onde nasceu. Se ela for retirada e transplantada para outro local, não crescerá. Esta árvore também deve crescer no mesmo local onde nasceu”. O Marajá era um grande devoto. Visitava o templo de Chamundeswari diariamente, pela manhã e à noite, e cantava uma canção especialmente composta para agradar à Deusa Chamundeswari.

O marajá de Mysore visitou Puttaparthi novamente em outra ocasião. Dessa vez, uma rodovia estendia-se de Puttaparthi a Bukkapatnam. Telefonou ao Governador de Andhra Pradesh, dizendo, “Por que você não faz uma boa estrada até Puttaparthi? Quanto dinheiro está sendo desperdiçado em vários projetos! Por favor, dê um jeito de fazer, imediatamente, uma boa estrada até Puttaparthi”.

O Governador deu as devidas instruções a sua administração e, após prolongada correspondência, um engenheiro-chefe, chamado Tiruvannai Iyengar, foi finalmente enviado para fazer um estudo topográfico do projeto. Foi planejada uma via secundária indo diretamente ao Mandir, sem interferir na estrada de Chitravathi. O Marajá de Mysore ofereceu-se para arcar com todo o custo do projeto. Antes de iniciar o trabalho, o engenheiro-chefe fez as pesquisas na área viajando numa carroça de bois. Descobriu que o rio circundava a vila por três lados e somente o quarto lado era viável para a construção da estrada. Permaneceu por três ou quatro dias aqui e chegou ao Mandir por aquela via, numa carroça de bois. Confirmou a rota e, finalmente, mandou fazer uma capa de asfalto naquela estrada, perfurando um grande túnel num morro que bloqueava o caminho.

Finalmente, ficou pronta uma estrada direta para o Mandir, em Puttaparthi, sem passar pelo rio Chitravathi. Terminada a estrada, muitas pessoas, inclusive rajás e marajás com suas famílias, começaram a visitar Puttaparthi. Particularmente, entre eles estavam os rajás de Bobbili e de Venkatagiri. Costumavam trazer tendas, nas quais acampavam. Aos poucos, o número de pessoas que visitavam Puttaparthi aumentou muito rapidamente. As pessoas das vilas próximas costumavam discutir entre si dizendo: “Não deveríamos ter a oportunidade de receber o darshan,14 o sparshan15 e o sambhashan16 de Swami? Elas se destinam unicamente aos rajás e marajás?”. Eu os acalmava dizendo que todos são Meus devotos e que não faço qualquer distinção entre os ricos e os pobres.

Posteriormente, o rajá de Bobbili, Trivandrum e o irmão mais novo do rajá deTrivandrum, que era um diretor de cinema, criaram aqui várias comodidades, tais como casas para os devotos visitantes. O antigo primeiro-ministro de Andhra Pradesh, o falecido Bezwada Gopala Reddy, construiu um hospital em Puttaparthi. Apesar de sua agenda cheia como primeiro-ministro, ele fazia visitas regulares a Puttaparthi. Continuou assim até exalar seu último suspiro. Vinha sempre às cerimônias realizadas em Prasanthi Nilayam. No devido tempo, milhões de devotos de toda a Índia e de todas as partes do mundo começaram a vir a Prasanthi Nilayam.

Na realidade, não vim para discursar sobre qualquer forma particular de Deus. A Divindade é única, seja qual for o nome ou a forma que as pessoas lhe deem. O objetivo é um e o amor é um. Os nomes e as formas podem ser diferentes. Alguns podem referir-se à Divindade como Atma17, outros como Aum18. Todavia, ambos são o mesmo. Os nomes Rama, Krishna, Govinda, Narayana, etc. podem ser diferentes, mas Deus é apenas um. Vocês podem contemplar sobre qualquer nome, mas Deus é somente um. As Upanishads19 aconselham: “Matru Devo Bhava pitru Devo bhava acharya Devo bhava atithi Devo bhava (Reverencie sua mãe, seu pai, seu professor e seu hóspede como a Deus)”. Em primeiro lugar, respeitem sua mãe. Ela é muito importante!

A paciência é a verdadeira beleza desta sagrada terra de Bharat20.
O mais doce sentimento deste país é o sentimento de amor dirigido às mães.
(Poema em télugo)

Ainda que a mãe e o filho cheguem à justiça numa disputa de propriedade, a mãe dirá ao advogado: “Ele é meu filho”. E o filho dirá: “Ela é minha mãe”. Portanto, o relacionamento entre a pessoa e os seus pais é duradouro. Mesmo após o corpo físico cessar de existir, a relação maternal existirá. Uma mãe é uma mãe. Portanto, não pode haver maior, mais respeitoso e mais doce sentimento do que o da maternidade.

Muitas pessoas escrevem-Me cartas, dirigindo-se a Mim como “Mãe Sai”. Referem-se a Mim como a sua reverenda mãe. Dirijo-Me também a todos vocês como “filhos”.


Notas

1 - Festival dos Dez Dias (Dasara) ou Nove Noites (Navaratri), realizado durante o mês de outubro, dedicado às Mães Divinas, r(Durga, Lakshmi e Sarasvati).. É um dos mais importantes e populares festivais do calendário religioso hindu e um dos primeiros a serem regularmente celebrados por Baba. Sempre reúne uma assembleia de eruditos védicos, criada por Ele há muitas décadas, para preservação da cultura dos Vedas, e esses sacerdotes executam os rituais próprios à ocasião.

2 - Anantapur é a capital do distrito de Anantapur, o maior distrito do estado de Andhra Pradesh, no sul da India, próxima à cidade de Puttaparthi.

3 - Pessoa nomeada pelo governo indiano, responsável pelo governo de um distrito num estado, pela manutenção da lei e da ordem, pela coleta de impostos, etc. São os funcionários públicos mais poderosos do distrito.

4 - Aproximadamente 18 km.

5 - Algo em torno de R$0,18 em moeda brasileira.

6 - Antiga moeda indiana usada até 1960. 1 anna equivale a 1/16 da rúpia.

7 - Antiga moeda indiana usada até 1960. 4 bottus equivalem a 1 anna (1/16 da rúpia).

8 - Crepe feito de arroz e lentilhas negras. É um prato típico do Sul da Índia, rico em carboidratos e proteínas, consumido no desjejum ou no jantar.

9 - A menor das antigas moedas indianas usadas até 1960.São necessários 192 dammidis para se ter 1 rúpia.

10 - É um dos dois maiores épicos clássicos da Índia, juntamente com o Ramayana. Conta a história do povo indiano (Bharatya).

11 - Ou kungumam, como é chamado no estado de Tamil Nadu, é um pó feito de açafrão-da-índia em que se acrescenta um pouco de limão galego, o que muda sua cor amarela e dourada para vermelho bem forte. Um ponto na testa, feito com kumkum, é um símbolo auspicioso.

12 - A palavra "griham" tem origem no sânscrito, com vários significados. Um deles é "casa ou moradia" e outro é moradia visível do invisível Atma, ou seja, "o corpo físico".
"Abbayi" pertence ao idioma télugo, que significa "garoto ou menino" e geralmente se refere a meninos ou a uma pessoa do sexo masculino.
"Ammayi" também pertence ao idioma télugo e se refere a uma pessoa feminina e geralmente para garotas/meninas jovens.
Também, em alguns dialetos do télugo, a palavra amma(yi) é usada para mãe e abba(yi) ou ayya para pai. Swami costuma falar dos pais dele com estas palavras: griham abbayi e griham ammayi desde que ele saiu da casa dos pais para iniciar o trabalho espiritual, já que ele havia renunciado aos relacionamentos físicos e parentescos, mas referindo a sua mãe como "griham ammayi" (mãe do Seu corpo físico) e o pai como "griham abbayi" (pai do Seu corpo físico).

13 - Uravakonda é uma vila no distrito de Anantapur, no estado indiano de Andhra Pradesh.

14 - É a bênção que flui para os discípulos com a simples contemplação do Guru, do Mestre. Também é traduzido como visão. Em termos gerais, é a Visão do Divino. Quando um católico vai à Igreja e contempla o altar, está tendo um darshan das imagens divinas ali representadas.

15 - Tocar a divindade. Remove o karma, as consequências das ações passadas.

16 - Conversar com a divindade. Remove sankatas (dificuldades).

17 - A alma ou sopro vital, o mais elevado princípio humano, a Essência Divina sem forma e indivisível. O Verdadeiro Eu. O próprio Brahaman.

18 - O mais poderoso dos mantras (palavras ou sons que contêm poder magico ou espiritual) do hinduísmo. É a vibração primordial, o som do qual emana o Universo, a substância essencial que constitui todos os outros mantras. É considerado o corpo sonoro do Absoluto.

19 - Textos que tratam da interpretação e dos ensinamentos dos Vedas, tendo como resultado a Liberação através do Conhecimento da Verdade Suprema.

20 - Índia.




Tradução e revisão da Coordenação de Publicação: Conselho Central do Brasil



Índice

Discursos já disponíveis


Fonte

Organização Sri Sathya Sai do Brasil.
https://www.sathyasai.org.br


Agradecimento

Muito grato à equipe do site da Organização Sri Sathya Sai do Brasil, por ter atendido dois pedidos meus, via mensagens de e-mail, em agosto de 2007: na primeira mensagem, autorizando-me a utilizar aqui os materiais do seu site; e na segunda mensagem me consentindo a conversão dos PDFs, com os discursos, para páginas HTML, para uso neste site.



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