A Viagem de Retorno

Por Maurício Santini

Sim, eles decolaram para o infinito! Pousaram no coração do Universo e já recolheram suas malas na esteira do tempo. Quando da passagem à outra pista, as asas de Garuda*, num voo paternal, se abriram, e a Grande Ave os acolheu em suas penas confortáveis.

O silêncio, a paz de quem alça a viagem de volta. A alma afrouxa os cintos e ganha o espaço. Está livre da nave corpo, turbina o espírito e voa.

Lá embaixo, o fogo, misturado às lágrimas, solta fagulhas de tristeza. Os curiosos estão ávidos para contar os mortos. Mas, eles não estão mortos! Só aterrissaram em solo mais sutil e descansam entre as conexões. Os comissários de luz, as aeromoças angelicais servem seus passageiros. O Grande Comandante está no manche da viagem.

Quando vamos parar de derrapar nas pistas molhadas pelas nossas lágrimas vãs? Se o trem** que parte é o mesmo trem da chegada... Somos passageiros, sempre! Estamos com as passagens de ida e volta no bolso. Devemos aprender que o universo também apresenta seu caos e sua ordem. Ficamos tristes, sim, pelo ocorrido. Ninguém se alegra com destruição, em meio aos gritos. Mas, temos que lembrar que quando voltamos à Terra gritamos também, mas a este som damos o nome de vida!

Quando vamos aprender a decolar a nossa alma? Arremeter nosso passado de reversos encrencados? Checar nosso espírito, volitar por cima das nuvens cinzentas? Apertar os cintos da nossa segurança? Confiar nos céus do Brigadeiro Maior? Deslizar na velocidade cruzeiro da paz e na certeza de um pouso tranquilo e natural?

Luz, luz, luz acesa do Maior Farol do Céu às famílias que ficaram pelo Porto da Terra. Que suas vidas continuem brilhando como estrelas no firmamento, onde os espíritos alados e aviões acompanham suas jornadas. Ponderemos, a Grande Torre de Comando precisa eternamente da nossa viagem de retorno. Boas viagens!


Nota de Wagner Borges

Mauricio Santini é jornalista, escritor, poeta e espiritualista. É meu amigo há muitos anos, e sempre me emociono com os seus textos brilhantes e cheios de daquele algo a mais que só os grandes escritores e poetas possuem. Para ver outros textos dele, é só entrar em sua coluna na revista on line de nosso site - www.ippb.org.br.


Notas do texto

* Garuda (do sânscrito): dentro da cosmogonia hindu, é um pássaro mítico, um híbrido – parte homem, parte águia -, veículo de Vishnu, o Divino Preservador da vida universal, em suas missões de assistência espiritual entre os homens.
**Trem: alusão à canção de Milton Nascimento – “Encontros e Despedidas”.

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Fonte

Texto <803><17/08/2007>. Postado por Wagner Borges no site www.ippb.org.br.


Agradecimento

Wagner Borges concedeu-me muito gentilmente, via e-mail, em 11 de setembro de 2007, permissão específica para aqui aproveitar os interessantes e úteis materiais do seu amplo site do IPPB. Muitíssimo obrigado ao Wagner pela sua generosa e inestimável colaboração. Mais detalhes aqui.

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