Mestres - Conversores de Luz e Consciência

Toques de Discernimento na Senda Espiritual

Essa questão de mestres é muito distorcida, seja pelo público leigo ou por aqueles que seguem algum mestre e o idolatram a qualquer custo (incluindo nisso o custo de abdicar do próprio discernimento e deixar de pensar por si mesmo).

Na minha opinião (isso mesmo, é só a minha opinião e não serve de parâmetro para mais ninguém), fruto do meu discernimento e da experiência adquirida ao longo de muito tempo (ou melhor dizendo, muitas vidas), um mestre é alguém com a capacidade da transformação consciencial. Alguém capaz de transformar o lixo das pessoas em doces harmonias, filhas da paz de seu coração. Alguém capaz de receber o ódio do mundo e transformá-lo silenciosamente em seu próprio peito.

Não me parece que seja o caso de nenhum de nós por aqui (nem de alguém que conhecemos presentemente).

Se alguém apresenta essa condição no momento, que aceite o título de mestre espiritual e faça o seu trabalho. O máximo que nós podemos aceitar é o cargo de sermos professores e alunos, uns dos outros, dependendo das circunstâncias, cada um apresentando o seu melhor dentro da área de ação que lhe compete no mundo.

Se alguém aprende com os meus acertos (e também com os meus defeitos), é meu aluno. Se alguém me julga um mestre, está equivocado, pois não tenho cacife para transformar o ódio em amor nem o poder de transformar consciências em vários planos. O máximo que posso fazer, no momento, é tentar transformar a mim mesmo, o que já dá um trabalho monumental, e fazer o melhor possível.

Enquanto isso, vou aprendendo, ensinando, rindo, amando e tocando a bola da melhor maneira possível... E sei bem o meu caminho e por onde minhas energias seguem.

Somos professores uns dos outros.

Certa vez - era o ano de 1990-, o mestre Mikhael Aivanhov disse-me o seguinte:

"Wagner, você é meu mestre. É, dizem que você é meu discípulo. Mas isso não é verdade, eu é que sou seu discípulo. A cada vez que vejo você aborrecido eu aprendo muito. Sim, eu aprendo como é triste alguém aborrecer-se com as coisas. Aprendo como é feio um semblante soturno. Aprendo como é ficar feio sob o domínio das emoções pesadas. Aprendo que não vale a pena pesar o coração por tolices que sempre passam. E medito nisso, e lhe agradeço por mostrar-me tais lições na prática de sua vida."

A questão de mestres é muito distorcida exatamente pela falta de discernimento das pessoas. E há pessoas inteligentes presas a isso também. Principalmente se dentro delas, de forma inconsciente, alguém lhe lembrar antigos parâmetros de associações com atmosferas psíquicas de seu próprio passado. Aí, é muito fácil achar que tal pessoa (fruto de projeções egoicas de seus seguidores) é um mestre e não perceber o "mico consciencial" que está pagando (1).

Paramahamsa Ramakrishna sempre dizia: "Mestre é Deus!"

Aceito isso, não porque foi ele que disse, mas porque é o óbvio.

Se algum de vocês quiser assumir o título de mestre de alguma coisa, fiquem à vontade. De minha parte, eu só assumo o cargo de ser professor e aluno de vocês, dependendo das circunstâncias (2).

Um abraço.

- Wagner Borges -
São Paulo, 05 de fevereiro de 2002.


Notas de Wagner Borges (1)

1. Sugiro ao leitor ler o excelente texto “Como Reconhecer um Verdadeiro Mestre Espiritual”, do mestre Aivanhov. O mesmo está postado na seção de textos conscienciais de nosso site – www.ippb.org.br

Há um ótimo texto escrito pelo pesquisador espiritualista Lázaro Freire sobre essa questão de mestres e discernimento na senda espiritual. O mesmo está postado em sua coluna na revista on line de nosso site, e o seu título é “Conversando Sobre Mestres e Posturas Conscienciais”.

2. Para complementar esses escritos, deixo-lhes, para reflexão, um texto que escrevi ontem em resposta a um e-mail. Segue-se o mesmo.


Realidade e Percepções

(Resposta a um e-mail com a seguinte pergunta: "Nesse mundo há mestres e charlatões. Como discernir quem é quem? Como separar o joio do trigo?")

O real não é aquilo que se pensa, se sente ou se vê.

O real é o que é, mas, para percebê-lo claramente, é necessário tirar os óculos da arrogância. Cada um vê o que quer.

É muito fácil enganar-se: basta querer ver e acreditar sem discernir, basta ser cego de consciência. Pelos frutos, a árvore é conhecida.

Pelos pensamentos revela-se o espírito; pelas cores de suas energias, o seu estado íntimo; pelos seus atos, o caráter e a maturidade.

Pela intuição, é possível sentir e saber o que o intelecto não é capaz de descobrir.

O coração também ensina, mas o arrogante nunca escuta. Ramakrishna ensinou: "De que adianta sua vestimenta luxuosa, se os seus pensamentos são medíocres?"

Isso é verdade!
Como dizia Eça de Queirós:
"Corpo é vestido, alma é pessoa."
Cada um é o que pensa.
O que está no coração
é o que a pessoa é!
Pelo fruto se conhece a árvore.
Pelo brilho nos olhos
se conhece o espírito.
Resumindo: use o discernimento
e a intuição.

Alguém chancelado pela Espiritualidade Superior sempre estará com os olhos brilhando ao falar do que ama e sempre estará feliz por ser um canal de luz no mundo.

Mas, cuidado! Tal pessoa parecerá normal demais.

Seu grau iniciático está em sua luz, não em algum templo.

E ela nunca se considerará mestre de coisa alguma, pois sabe que é eterno neófito* da vida.

Medite: em lugar de procurar alguém assim, que tal tornar-se alguém assim?

Então, suas dúvidas desaparecerão e seus olhos brilharão como nunca.

Paz e Luz para você.

- Wagner Borges -
São Paulo, 4 de fevereiro de 2002.


Nota de Wagner Borges (2)

* Neófito: calouro, iniciante.

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Nota de Euro Oscar

Postado por Wagner Borges em 19 de Janeiro de 2005 no seu site www.ippb.org.br.


Agradecimento

Wagner Borges concedeu-me muito gentilmente, via e-mail, em 11 de setembro de 2007, permissão específica para aqui aproveitar os interessantes e úteis materiais do seu amplo site do IPPB. Muitíssimo obrigado ao Wagner pela sua generosa e inestimável colaboração. Mais detalhes aqui.

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